Macacos-prego desenvolveram a habilidade remover a parte tóxica do corpo do gafanhoto antes de comê-los

O poder de adaptabilidade das espécies é frequente na natureza e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) reforçaram isso mais uma vez.  Em estudo realizado, os cientistas observaram que macacos-prego da espécie Sapajus libidinosus, desenvolveram a habilidade de remover o intestino dos gafanhotos antes de consumi-los. 

Os macacos-prego são onívoros, ou seja, se alimentam tanto de plantas ou algas como de outros animais.  Habitam especialmente as regiões arbóreas e arbustivas dos biomas Cerrado e Caatinga. Esses espaços têm vasta biodiversidade e opções para sua alimentação, por isso, essa espécie tem que se adaptar rapidamente às possibilidades alimentares que se apresentam. Um exemplo são os gafanhotos, alguns deles não-tóxicos e outros com toxinas presentes em seus estômagos e que podem causar efeitos nos predadores. 

O caso dos macacos-prego demonstra a evolução das espécies de forma prática

 

O estudo dos pesquisadores da USP apontou que os macacos-prego desenvolveram uma habilidade de retirar a parte tóxica de uma espécie específica de gafanhoto quando se alimentam dele. Essa condição não se repetiu quando comeram outras espécies de gafanhotos, não tóxicos. Nesses casos, os macacos os consumiam por completo. Ou seja, a técnica de separação desenvolvida pelos primatas evitou a ingestão de toxinas presentes no corpo do inseto e, consequentemente, a contaminação.

Os pesquisadores acreditam que os macacos-prego aprenderam essa habilidade por meio de tentativa e erro e que isso se estendeu ao longo de várias gerações. Nesse sentido, é possível que os primeiros macacos que tentaram se alimentar dos gafanhotos tóxicos tenham ficado doentes, o que os levou a evitar essa parte do inseto no futuro. Ou seja, com o tempo, essa habilidade teria sido passada para as novas gerações de macacos.

Essa descoberta é um exemplo interessante da capacidade dos animais de se adaptarem ao seu ambiente. No caso dos macacos-prego, a habilidade de remover a parte tóxica dos gafanhotos lhes permitiu continuar consumindo essa importante fonte de alimento sem se colocar em risco.

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