Durante o IX Congresso Mundial de Bioética e Direito Animal, Silvana Andrade, fundadora da ANDA, a primeira agência de notícias de direitos animais do mundo, fez um manifesto sobre o papel crucial do jornalismo na defesa dos direitos animais. Confira!
“Mais do que nunca, é chegado o momento do jornalismo global assumir sua função fundamental em adotar uma visão ética em uma nova perspectiva que reconheça o equilíbrio ecológico e a interdependência entre todas as formas de vida, importantes inclusive para o nosso próprio bem-estar.
A imprensa é um instrumento poderoso, de grande alcance e ressonância na história da sociedade. Ao direcionar o foco para as questões dos direitos animais ilumina a inaceitável invisibilidade de animais maravilhosos e vulneráveis de outras espécies, que compartilham o planeta conosco.
O jornalismo pelos direitos animais transcende a simples narrativa dos acontecimentos, aprofundando-se nas intrincadas teias da interconexão entre todos os seres e a natureza. Além de enfatizar nossa responsabilidade e nos recordar que nossas escolhas e ações têm um forte impacto sobre tudo e todos.
A cobertura midiática inspira a ação e contribui para moldar uma sociedade mais compassiva, justa e ética. Dando voz e vez àqueles que têm direitos intrínsecos inalienáveis, que não podem mais ser negados. E cria ainda um ambiente propício para a transição, incentivando debates construtivos e influenciando a formulação de políticas que garantam a proteção deles. Isto permitirá que os animais não humanos vivam livres e de acordo com a natureza de suas espécies, sendo respeitados e não explorados.
A mudança cultural no campo do jornalismo a partir dos direitos animais é uma revolução necessária e urgente, à luz das complexas e prementes questões que enfrentamos em todo o mundo, e com o imenso proposito de ampliar a conscientização dentro da imprensa tradicional. Embora não seja uma tarefa fácil, é uma missão possível.
Quando a mídia entrar neste caminho conduzirá a sociedade a muitas realizações e soluções valiosas para os dilemas do presente. É uma jornada que proporcionará um futuro mais promissor para todos criando uma sociedade pacífica, saudável e próspera.
Para obter resultados rápidos e eficazes na promoção dos direitos animais, é inegável que devemos unir esforços e eliminar todas as barreiras que possam comprometer nossa cooperação, seja ela cultural, geográfica, linguística, tecnológica, socioeconômica, geracional, política, religiosa ou outra qualquer.
A proposta de estabelecer uma associação internacional de jornalistas, juristas, veterinários, educadores comprometidos com os interesses animais é uma iniciativa de extrema importância e potencial transformador, capaz de assumir múltiplos papéis, e por isso merece uma atenção cuidadosa e inadiável para sua concretização no atual contexto global.
Uma instituição dessa envergadura pode atuar na redução da desinformação e das concepções equivocadas que permeiam os direitos animais, desconstruindo mitos e propagando uma compreensão mais completa da realidade e das questões que afetam suas vidas.
A organização tem capacidade para se tornar um farol de conhecimento, de inovação e de colaboração internacional destrinchando as complexidades dos problemas enfrentados pelos animais em todo o mundo.
O futuro do jornalismo, assim como o prospecto do nosso próprio destino, transcende a mera consequência do decorrer do tempo. Na verdade, é uma construção ativa delineada por meio de nossas ações, tomadas de decisão e perspectivas. São os pequenos passos, quando empreendidos com consistência e persistência, que pavimentam o caminho para saltos grandiosos.
O horizonte dos direitos animais dependerá da nossa capacidade de continuar usando a imprensa para educar, informar e mobilizar. Que possamos seguir nessa jornada, movidos pelo respeito, pela responsabilidade e pelo compromisso com a justiça para todos os seres vivos, para com toda a natureza.
Silvana Andrade
08 de novembro de 2024″