O hipismo voltou a pauta dos debates sobre bem-estar animal em todo o mundo, muito influenciado pelas provas que acontecem nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Essa edição olímpica, será, inclusive, a última que contará com uma das atuais provas de equitação: o pentatlo. Diferentemente do que acontece nas outras competições esportivas que utilizam cavalos, no pentatlo moderno (composto por provas de esgrima, natação, tiro esportivo, corrida e hipismo) os atletas recebem cavalos para realizar a prova e não levam seus próprios animais para competir.
Nos Jogos de Tóquio 2020, duas integrantes da equipe olímpica feminina da Alemanha foram acusadas de maltratar um cavalo. O fato aconteceu antes da etapa de hipismo da prova de pentatlo e uma delas, a treinadora da atleta, foi inclusive filmada agredindo o animal, após recusar-se a saltar um obstáculo na prova. A ação trouxe grandes debates e indignação e, posteriormente a retirada da etapa das provas de pentatlo. No entanto, existem outras modalidades olímpicas de hipismo: salto, adestramento e a equitação completa.
A utilização de cavalos em práticas esportivas coloca em risco o bem-estar animal?
O hipismo, como qualquer atividade que envolva a utilização de animais, levanta questões sobre o bem-estar deles. Nesse sentido, do ponto de vista animalista, algumas das implicações estão relacionadas a carga de treinos e exigências a esses animais. O treinamento intenso, as competições e as provas físicas podem levar a lesões musculares, tendinosas e ósseas, causando dor e sofrimento aos cavalos, diminuindo sua qualidade de vida.
Outro ponto importante são alguns equipamentos necessários para a prática, como selas mal ajustadas ou bridões excessivamente apertados, que podem causar feridas e desconforto aos animais. Ademais, algumas práticas de treinamento, como o uso de métodos punitivos ou a criação de um ambiente de medo, podem causar sofrimento psicológico a eles. Essas são algumas das situações em que o bem-estar animal fica em segundo plano e pode causar danos a esses seres sencientes.
É possível ter um meio-termo entre o hipismo e o bem-estar animal?
Ao tratar os cavalos com empatia e priorizando a ética e qualidade de vida dos animais, os impactos podem ser menores. Como o hipismo ainda faz parte da realidade olímpica e é praticado em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, é fundamental que a prática seja realizada de forma ética e responsável, priorizando sempre o animal. A promoção do bem-estar no hipismo exige um esforço conjunto de todos os envolvidos, desde os proprietários e treinadores até os cavaleiros e veterinários. É essencial que a sociedade como um todo se envolva nesse debate e exija cada vez mais práticas éticas no mundo equestre. Por fim, a fiscalização precisa e atenta quanto as condições em que esses animais são mantidos é sempre relevante.
Leia também: Conheça mais sobre os Congressos de Bioética e Direito Animal organizados pelo IAA
SOBRE O INSTITUTO ABOLICIONISTA ANIMAL (IAA)
O Instituto Abolicionista Animal (IAA), fundado em agosto de 2006, é uma associação civil sem fins lucrativos dedicada à abolição de todas as formas de escravidão animal. Criado por um grupo de juristas, acadêmicos e ativistas, o IAA tem como missão impulsionar pesquisas e estudos no campo do direito animal e da filosofia dos direitos animais.