O Ministério dos Transportes apresentou uma proposta para a pavimentação da BR-319, rodovia crucial que liga Manaus a Porto Velho e atravessa a Floresta Amazônica. A proposta prevê a construção de uma “estrada-parque”, com a pista elevada e isolada por cercas ao longo de seus 500 quilômetros. Além disso, o projeto contempla a criação de 170 passagens de fauna (a maioria delas subterrâneas), estruturas que permitiriam aos animais atravessarem a rodovia com segurança. 

Embora a iniciativa pareça promissora, especialistas alertam para os riscos que persistem. A construção da estrada, por si só, já representa um grande impacto ambiental, fragmentando habitats e dificultando o fluxo da fauna. A BR-319, mesmo sem pavimentação, já é palco de um número alarmante de atropelamentos de animais silvestres. Estima-se que milhares de bichos morram a cada ano nas estradas da região, entre eles espécies ameaçadas de extinção, como onças-pintadas, macacos e tamanduás-bandeira. 

A proposta do Ministério dos Transportes para a BR-319 é um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir que a obra seja realizada de forma minimamente impactante para a fauna e o meio ambiente. É fundamental que o projeto seja debatido de forma ampla e transparente, com a participação de todos os setores da sociedade, incluindo ambientalistas, comunidades locais e especialistas em fauna.